20.5.04

Greetings!

Voltando ao final da década de 70, notavam-se alterações nos assuntos das letras do Springsteen, depois de toda a raiva contida demonstrada no "Darkness...". Parece que uma nova fase na vida e na música dele começou com o "The River", onde escrevia sobre assuntos e situações que lhe diziam directamente respeito, mas também tentava retratar emoções ou possíveis situações que lhe poderiam acontecer a ele. Mais uma vez, uma canção sobre perda, mas uma perda que não aconteceu na realidade, mas sobre a qual a personagem da canção se apercebeu que era algo possível e isso era o suficiente para lhe tirar o sono durante a noite. Infelizmente, uma canção que no nosso país é a imagem das tragédias que todos os anos acontecem nas estradas Portuguesas...

"Wreck On The Highway" (1980)

Desastre Na Auto-Estrada

Ontem à noite eu estava a conduzir
Vinha para casa ao fim do dia de trabalho
Eu viajava sozinho através dos chuviscos
Numa desertificada extensão de estrada de duas faixas no condado
Quando me deparei com um desastre na auto-estrada

Havia sangue e vidro por toda a parte
E não estava ali ninguém a não ser eu
Enquanto a chuva desabava forte e fria
Vi um rapaz deitado ao lado da estrada
Ele gritou "Senhor, não me pode ajudar, por favor?"

Finalmente, uma ambulância veio e levou-o para o hospital de Riverside
Eu observei enquanto o levavam embora
E pensei numa namorada ou numa jovem esposa
E um agente a bater à porta no meio da noite
Para dizer que o teu amor morreu num desastre na auto-estrada

Por vezes fico sentado na escuridão
E observo a minha querida enquanto ela dorme
Então subo para a cama e abraço-a com força
Fico apenas ali acordado no meio da noite
A pensar no desastre na auto-estrada

5.5.04

Greetings!

A procura e a estrada foram sempre pontos centrais na escrita do Springsteen, sobretudo no início da sua carreira. Há uma canção q sempre me despertou curiosidade, pelos diversos sentidos q parece ter. O narrador da história de "Iceman" parece alguém completamente destroçado ao ponto de afirmar q já nasceu morto. Mas mesmo assim, prossegue a sua procura, porque é a procura que lhe permite viver. Uma letra perturbante numa canção genialmente sombria do início da carreira e q podemos encontrar no disco 1 de "Tracks"

"Iceman" (1977)

Homem-gelo

Cidade adormecida não tem a coragem para se mexer
Querida, este vazio já foi julgado
Eu quero sair esta noite, quero saber aquilo que tenho
Tu és uma parte estranha de mim, tu és a rapariga de um pregador
E eu não quero qualquer parte deste mundo mecânico
Tenho os meus braços bem abertos e o meu sangue corre quente
Tomaremos a estrada da meia-noite directamente para a porta do diabo
E nem mesmo os anjos brancos do Éden com as suas espadas flamejantes
Nos poderão impedir de atingir a cidade neste velho e sujo Ford
Bem, não é preciso ter coragem quando tu não tens nada para guardar
Eu tenho uma lápide nos meus olhos e estou a correr mesmo no duro
A minha querida era uma amante e o mundo acabou com ela

Uma vez tentaram roubar o meu coração, arrancá-lo à força da minha cabeça
Bem querida, eles não sabiam que eu já nasci morto
Eu sou o homem-gelo, a lutar pelo direito a viver
Eu digo que melhor do que as gloriosas estradas do Céu
Melhor ainda do que viajar na poeira pelos limites do inferno
Melhor do que a linha brilhante da auto-estrada
Melhor do que as sombras da igreja do teu pai
Melhor do que a espera
Querida, melhor ainda é a procura