30.12.03

Mais uma vez: UM FANTÁSTICO 2004 PARA TODOS!
Greetings!

Agora que nos aproximamos do fim do ano, temos todos a esperança que no próximo surja um álbum de estúdio. Enquanto isso não acontece, volto-me para o último álbum de originais para recuperar uma canção que é uma das minhas favoritas e que eu não tive oportunidade de ver ao vivo (nem sei se já foi tocada ao vivo, sequer). "Paradise", na minha interpretação, conta a história de um casal apaixonado em que um dos membros (não é claro se é o homem ou a mulher) é um bombista-suicida que se faz explodir num "mercado cheio de gente" e o outro é um(a) americano(a) da Virginia, fazendo lembrar a história de "Worlds Apart". O(a) americano(a) tenta depois encontrar o seu amor cometendo também ele(a) suicídio, mas, enquanto está debaixo das águas, não "encontra a paz nos olhos" do seu amor e escolhe a vida, rompendo as ondas e deixando o sol tocar de novo a sua face. Uma letra magnífica na sua simplicidade e, simultaneamente, complexidade.

"Paradise" (2002)

Paraíso

Onde o rio corre para se tornar negro
Eu pego nos livros escolares da tua mochila
Plásticos, fio e o teu beijo
O sopro da eternidade nos teus lábios

No mercado cheio de gente
Eu vagueio de face em face
Sustenho a minha respiração e fecho os meus olhos
Sustenho a minha respiração e fecho os meus olhos
E espero pelo paraíso
E espero pelo paraíso

As colinas da Virginia tornaram-se castanhas
Outro dia, outro sol que se põe
Visito-te num outro sonho
Visito-te num outro sonho

Estico a minha mão e sinto os teus cabelos
O teu cheiro paira no ar
Toco ao de leve na tua face com a ponta dos meus dedos
Provo o vazio sobre os teus lábios
E espero pelo paraíso
E espero pelo paraíso

Procuro por ti no outro lado
Onde o rio corre limpo e largo
Até ao meu coração as águas subiram
Até ao meu coração as águas subiram

Afundo-me debaixo da fria e límpida água
Vagueando para baixo, desapareço
Vejo-te no outro lado
Procuro pela paz nos teus olhos
Mas eles estão tão vazios como o paraíso
Eles estão tão vazios como o paraíso

Eu rompo acima das ondas
Sinto o sol na minha cara

22.12.03

Só para acrescentar: FELIZ NATAL e um fantástico 2004!
Greetings!

Se há album que merece ser traduzido na sua totalidade, tem de ser o "Ghost Of Tom Joad". Liricamente, Springsteen atinge o auge nesta magnífica obra de meados dos anos 90, regressando ao aclamar da crítica com um album low-profile após os fracassos que foram "Human Touch" e "Lucky Town". Pela primeira vez, Springsteen escrevia sobre situações que não se passaram com ele ou sequer que tenha presenciado. São histórias que lhe chegavam aos ouvidos ou que ele construía a partir de uma série de apontamentos reais. E se "Ghost..." é a continuação da linha iniciada em "Nebraska", quinze anos antes, há uma canção que poderia perfeitamente ter sido incluída nesse album: "Highway 29! O universo de crime e sangue é o mesmo de "Nebraska" (a canção que dá o nome ao álbum) ou do magnífico e muitas vezes esquecido "Losin' Kind", um "outtake" de 1982.

"Highway 29" (1995)

Auto-Estrada 29

Eu tropecei no seu sapato, ela era um perfeito tamanho sete
Eu disse "Não se pode fumar na loja, senhora"
Ela cruzou as pernas e depois

Conversámos sobre coisas banais, era onde deveria ter parado
Ela passou-me um número, eu pu-lo no meu bolso
A minha mão escorregou pela sua saia acima, tudo escorregou da minha mente
Naquela pequena estalagem
Na auto-estrada 29

Era um banco de uma pequena cidade, era uma confusão
Bem, eu tinha uma arma, tu sabes o resto
Dinheiro no soalho, camisa estava coberta de sangue
E ela estava a chorar. Ela e eu dirigimo-nos para sul
Na auto-estrada 29

Num pequeno motel do deserto, o ar era quente e limpo
Dormi o sono dos mortos, eu não sonhei
Acordei de manhã, lavei a minha cara na pia
Dirigimo-nos para as Sierra Madres do outro lado da fronteira

O Sol de Inverno perfurava através das árvores negras
Eu disse a mim mesmo que era tudo algo nela
Mas enquanto conduzíamos eu soube que era algo em mim
Algo que já veio de há muito muito tempo
E algo que estava agora aqui comigo
Na auto-estrada 29

A estrada estava cheia de vidro partido e gasolina
Ela não estava a dizer nada, era apenas um sonho
O vento veio silenciosamente através do pára-brisas
Tudo o que conseguia ver era neve e céu e pinheiros
Fechei os meus olhos e estava a correr
Estava a correr e depois estava a voar...

11.12.03

Greetings!

Depois de uma ausência mais longa do que o habitual devido a excesso de trabalho (era bom q fosse excesso de férias...) eis q volto ao álbum da canção anterior, o "Darkness...".
Para mim, bem como para muitos fãs, este álbum marca o fim em beleza de uma etapa da carreira do Springsteen. A fase sonhadora-poeta-rebelde-revoltada dos anos 70 terminava com um grande álbum, cheio de hinos Springsteenianos. Este é um dos maiores, porque nos faz acreditar que existe uma terra prometida...


"The Promised Land" (1978)

A Terra Prometida

Numa estrada de cascavéis no deserto do Utah
Recolho o meu dinheiro e dirijo-me de volta à cidade
Guiando através da fronteira do condado de Waynesboro
Tenho o rádio ligado e estou apenas a matar tempo

A trabalhar todo o dia na garagem do meu pai
A conduzir toda a noite, perseguindo alguma miragem
Daqui a pouco, miúda, eu vou entrar à carga

Os cães na Rua Principal uivam, porque eles compreendem
Se eu pudesse agarrar um momento nas minhas mãos
Senhor, eu não sou um rapaz, não, eu sou um homem
E eu acredito na terra prometida

Fiz o meu melhor para viver da maneira correcta
Levanto-me todas as manhãs e vou trabalhar em cada dia
Mas os teus olhos ficam cegos e o teu sangue corre frio
Às vezes sinto-me tão fraco que só quero explodir

Explodir e partir esta cidade em pedaços
Pegar numa faca e cortar esta dor do meu coração
Encontrar alguém ansioso para que algo comece

Os cães na Rua Principal uivam, porque eles compreendem
Se eu pudesse agarrar um momento nas minhas mãos
Senhor, eu não sou um rapaz, não, eu sou um homem
E eu acredito na terra prometida

Há uma nuvem negra a levantar-se do chão do deserto
Fiz as minhas malas e dirijo-me directamente para a tempestade
Vai ser um tornado que deitará abaixo tudo
Que não tenha a fé para manter os seus alicerces

Sopra para longe os sonhos que te fazem em pedaços
Sopra para longe os sonhos que partem o teu coração
Sopra para longe as mentiras que te deixam sem nada
A não ser perdido e despedaçado

Os cães na Rua Principal uivam, porque eles compreendem
Se eu pudesse agarrar um momento nas minhas mãos
Senhor, eu não sou um rapaz, não, eu sou um homem
E eu acredito na terra prometida
E eu acredito na terra prometida
E eu acredito na terra prometida