28.7.03

Greetings!

O 11 de Setembro de 2001 é uma data que jamais será apagada dos anais da história da América e do Mundo. Nunca o terror foi tão próximo, dada a cobertura mediática e o visionamento exaustivo das imagens dos aviões. Springsteen, sobre o álbum "The Rising", disse que tentou captar o sentimento que pairava no ar, não tanto a objectividade dos factos. Mas também mostrou neste álbum que há pontes que podem ser construídas entre mundos separados. "Worlds Apart" é uma história de amor com o romance possível num século XXI pleno de mundos separados...


"Worlds Apart" (2003)

Separados por mundos

Eu segurei-te nos meus braços, sim foi como começou
Eu procuro fé no teu beijo e conforto no teu coração
Eu provo a semente sobre os teus lábios, deito a minha língua sobre as tuas cicatrizes
Mas quando olho nos teus olhos, nós estamos separados por mundos

Onde os distantes oceanos cantam, e se elevam para a planície
Nesta seca e conturbada terra a tua beleza mantém-se
Desde as estradas da montanha onde a auto-estrada se dirige para a escuridão
Debaixo da abençoada chuva de Alá, nós continuamos separados por mundos

Por vezes a verdade só não é suficiente
Ou é demasiado em tempos como estes
Vamos deitar a verdade fora, nós vamos encontrá-la neste beijo
Na tua pele sobre a minha pele, no bater dos nossos corações
Que os vivos nos deixem entrar antes que os mortos nos separem

Deixaremos que o sangue construa uma ponte sobre montanhas adornadas com estrelas
Encontrar-me-ei contigo no cume, entre estes mundos separados
Nós temos este momento agora em vida, depois tudo será apenas pó e escuridão
Deixa o amor dar aquilo que dá
Vamos deixar o amor dar aquilo que dá

25.7.03

Greetings!

De volta àquele q, para muitos fãs, é o melhor album de sempre do Springsteen, "Born To Run". Histórias de fuga, de gangs, de traficantes, de liberdade, de ruas, de amores eternos. Um álbum avassalador q Springsteen queria (e porventura conseguiu!) q fosse o melhor da história do Rock! Em "Born To Run" existem vários hinos, várias canções emblemáticas da carreira do Springsteen, mas há uma, porventura a mais discreta, q sempre me fascinou: "Meeting Across The River". Uma história de um pequeno traficante (de droga, presume-se) q tem ali a sua última oportunidade no submundo do crime. E também uma última oportunidade de manter a Cherry, q ameaça ir-se embora. Apenas têm de manter-se calmos naquela noite, ele e o Eddie. E desta vez não é só garganta. Ou será? Não sabemos se o Eddie chegou algum dia a arranjar uma boleia para atravessarem o rio. Mais uma canção q só o Springsteen podia ter escrito.

"Meeting Across The River" (1974)

Encontro do outro lado do rio

Ei Eddie, podes emprestar-me uns trocos?
E hoje à noite podes arranjar-nos uma boleia?
Tenho de atravessar o túnel
Tenho um encontro com um homem do outro lado
Ei Eddie, este tipo, ele é coisa séria
Portanto se também queres vir
Tens de prometer que não dirás nada
Porque este tipo não brinca
E tem-se dito por aí que esta é a nossa última oportunidade

Temos de nos manter calmos esta noite, Eddie
Porque, pá, nós pusemo-nos naquela linha
E se estragarmos esta
Eles não vão andar apenas à minha procura desta vez

E tudo o que temos de fazer é cumprir a nossa parte
Toma, enfia isto no teu bolso
Vai parecer que transportas um amigo
E lembra-te, apenas não sorrias
Muda de camisa, porque hoje à noite temos estilo

Bem, a Cherry diz que se vai embora
Porque ela descobriu que eu levei o seu rádio e o penhorei
Mas Eddie, pá, ela não percebe
Que dois mil(dólares) estão praticamente sentados no meu bolso

E hoje à noite vai ser tudo o que eu disse
E quando eu entrar por aquela porta
Eu vou apenas atirar aquele dinheiro para cima da cama
Ela vai ver que desta vez eu não estava apenas a falar
E depois saio para dar um passeio

Ei, Eddie, podes arranjar-nos uma boleia?

23.7.03

Greetings!

Surpreender é algo a q Springsteen sempre nos habituou. Desde os golpes de rins q se mostraram "Nebraska" e "Tunnel Of Love" lançados a seguir a álbums como o "The River" e "Born In The USA", o homem já demonstrou q gosta de mudar. E ainda bem. Dizem q foi gravado um álbum completo com canções da mesma estirpe do "Streets Of Philadelphia" e "Missing", mas ainda ninguém conhece nada a não ser estas duas canções. E q grandes canções q são! Ambas escritas para bandas sonoras de filmes, ambas nunca lançadas em em album (ok, o "Streets..." está no "Greatest Hits", mas não foi lançada originalmente num album em nome próprio). Mas se o "Streets..." faz parte do "Greatest Hits", há uma terceira canção escrita propositadamente para uma banda sonora q, a existir um "Most Beautiful Ones", estaria lá de certeza: "Lift Me Up". Escrita para o filme "Limbo" (q, caramba, ainda não vi...), esta belíssima canção tem a particularidade de ser cantada praticamente sempre em falseto, o q a torna ainda mais singular. Mais uma vez, Springsteen escreve sobre o amor como apenas um poeta o pode fazer.


"Lift Me Up" (1999)

Eleva-me

Eu não preciso das tuas orações atendidas
Ou das correntes que o teu amante usa
Eu não preciso dos teus anéis de ouro
Ou dos segredos que tu guardas

Eleva-me, querida
Eleva-me e eu cairei contigo, eleva-me
Deixa o teu amor elevar-me

Eu não preciso do teu sagrado juramento
Ou da promessa que o amanhã traz
Ali, atrás das nuvens da manhã
Eu ficarei com a fé que a luz do dia trás

Eleva-me, querida
Eleva-me e eu cairei contigo, eleva-me
Deixa o teu amor elevar-me

Quando o brilho da manhã
Levar embora esta noite
E a luz acima
Nós encontraremos o nosso amor
Nós encontraremos o nosso amor

A tua pele, a tua mão no meu pescoço
Esta pele, os teus dedos na minha pele
Este beijo, este bater do coração, este respirar
Este coração, este coração, esta loucura

Eleva-me, querida
Eleva-me e eu cairei contigo, eleva-me
Deixa o teu amor elevar-me

20.7.03

Greetings!

Um dos meus álbums favoritos de sempre é o muito subestimado (mesmo entre fãs do Springsteen) "The Ghost Of Tom Joad". Para mim, é a mais brilhante compilação de histórias de toda a carreira dele, denotando uma maturidade até então nunca vista, exceptuando, talvez, o "Tunnel of Love", mas com uma maturidade sentimental. O GOTJ é um album mas podia ser um trabalho de investigação sobre o lado escuro da América no final do séc. XX, contando histórias de emigrantes, de migrantes, ex-combatentes, excluídos sociais ou de um outro sem número de lados q normalmente não nos são dados a conhecer. Pela primeira vez, Springsteen escreve sobre pessoas e assuntos q ele próprio não conheceu ou viveu. São canções baseadas em histórias que lhe contaram ou q ele construiu a partir de conhecimentos gerais sobre os assuntos. E conseguiu realizar um filme para cada uma das canções, já que ao ler a letra podemos facilmente visualizar tudo aquilo que está a ser cantado. Mas este álbum não é para ouvir a altos berros. É para ouvir com os auscultadores, num sítio calmo, de preferência com o as letras à frente. "The Ghost Of Tom Joad" é uma das melhores canções do "The Ghost Of Tom Joad", um dos seus melhores álbums.

"The Ghost Of Tom Joad" (1996)

O fantasma de Tom Joad

Homens caminham ao longo do caminho de ferro
Vão para algum lugar, não há retorno
Helicópteros da polícia surgem acima da encosta
Sopa quente num acampamento debaixo da ponte

A fila para o abrigo já se estende para lá da esquina
Bem-vindo à nova ordem mundial
Famílias dormem nos seus carros no sudoeste
Sem casa, sem trabalho, sem paz, sem descanso

A auto-estrada está viva esta noite
Mas ninguém engana ninguém sobre para onde ela vai
Estou aqui sentado à luz da fogueira do acampamento
À procura do fantasma de Tom Joad

Ele tira um livro de orações do seu saco-cama
O pregador acende uma beata e toma um gole
À espera de quando os últimos serão primeiros e os primeiros serão os últimos
Numa caixa de cartão debaixo da passagem subterrânea
Tem um bilhete de ida para a terra prometida
Tu tens um buraco na tua barriga e uma arma na tua mão
Dormindo numa almofada de pedra dura
Tomando banho no aqueduto da cidade

A auto-estrada está viva esta noite
Mas para onde vai, toda a gente sabe
Estou aqui sentado à luz da fogueira do acampamento
À espera do fantasma de Tom Joad

Tom disse: "Mãe, onde quer que haja um poícia a espancar um tipo
Onde quer que um recém-nascido faminto chore
Onde houver uma luta contra o sangue e ódio que pairam no ar
Procura por mim, mãe, eu estarei lá
Onde quer que haja alguém a lutar por um lugar para viver
Ou um emprego decente ou uma mão amiga
Onde quer que haja alguém a lutar para ser livre
Olha nos seus olhos, mãe, ver-me-às a mim

A auto-estrada está viva esta noite
Mas ninguém engana ninguém sobre para onde ela vai
Estou aqui sentado à luz da fogueira do acampamento
À procura do fantasma de Tom Joad

18.7.03

Greetings!

Do mesmo álbum do "Independence Day", mas escrita depois desta. O álbum "The River" é, para mim, um dos menos interessantes da carreira do Springsteen. Depois de ter pasmado uns quantos fãs com esta afirmação, sobretudo os muitos q o consideram como um dos melhores, passo a explicar: tem excelentes canções, mas num álbum duplo, tem muitas outras q são medianas ou mesmo prescindíveis (vem-me assim à cabeça um "I'm a rocker"...). Por isso, tal como no caso do "Human Touch"/"Lucky Town", acho q teria sido preferível um álbum simples. Ou então, substituir algumas das canções por outras inexplicavelmente deixadas de fora com o "Loose Ends", "Take'em as they come" ou o "Be True". Anyway, este "Point Blank" foi sempre, para mim, um dos pontos altos do "The River". Mais uma vez a história da sobrevivência neste mundo difícil e do desmoronar das ilusões e dos sonhos da juventude à medida que o tempo vai passando e a rapariga deixa de "esperar por Romeus" e espera agora pelo cheque da assistência social. A fase do "The River" marca a passagem da raiva da juventude para as dúvidas da fase adulta. A escrita é diferente de 78. Ele está agora mais calmo. Era impensável ele escrever "Point Blank" três anos antes.


"Point Blank" (1980)

À queima-roupa

Ainda dizes as tuas orações, querida?
Ainda vais para a cama à noite rezando para que amanhã tudo esteja bem?
Mas o amanhã desmorona-se em números, em números um por um
Tu acordas e tu estás a morrer, e nem sequer sabes de quê

Eles balearam-te à queima-roupa, foste baleada nas costas
Querida, à queima-roupa, foste enganada desta vez, rapariga isso é um facto
Mesmo entre os olhos, à queima-roupa
Mesmo entre as lindas mentiras que eles contam
Rapariga, tu caíste

Tu cresceste onde as raparigas crescem depressa
Tu aceitaste aquilo que te era dado e deixaste para trás o que foi pedido
Mas o que eles pediam, querida, não era correcto
Tu não precisavas de viver aquela vida

Eu ia ser o teu Romeu, tu ias ser a minha Julieta
Hoje em dia tu não esperas por Romeus, tu esperas pelo cheque da assistência social
E em todas as bonitas coisas que nunca poderás ter e em todas as promessas
Que acabam sempre à queima-roupa, baleadas entre os olhos
À queima-roupa como pequenas mentiras inofensivas que contas para aliviar a dor
Tu caminhas ao alcance, rapariga, da queima-roupa
E um único movimento em falso e, querida, as luzes apagam-se

Uma vez sonhei que estávamos juntos outra vez
Querida, tu e eu
Lá na terra, naqueles velhos bares, como costumávamos estar
Nós estávamos ao balcão, era difícil ouvir
A banda estava a tocar alto e tu gritavas algo no meu ouvido
Tu tiraste-me o casaco e enquanto o baterista contava até quatro
Tu agarraste a minha mão e puxaste-me para a pista

Tu ficaste ali e abraçaste-me, e começaste a dançar devagar
E enquanto eu te abraçava mais, jurei que nunca mais te deixaria ir
Bem, eu vi-te na noite passada, lá na avenida
A tua cara estava nas sombras mas eu sei que eras tu
Tu estavas à porta para evitar a chuva
Tu não respondeste quando chamei o teu nome
Tu apenas te viraste e depois desviaste o olhar
Como apenas outro estranho à espera de ser destruído

À queima-roupa, mesmo entre os olhos
À queima-roupa, mesmo entre as bonitas mentiras em que tu caíste
À queima-roupa, baleado através do coração
Sim, à queima-roupa, tu foste mudada até te tornares parte disso
À queima-roupa, tu caminhas ao alcance
À queima-roupa, a viver a um movimento em falso, a apenas um movimento em falso de distância
À queima-roupa, eles apanharam-te ao alcance
À queima-roupa, tu esqueceste-te de como amar, rapariga, tu esqueceste-te de como lutar?
À queima-roupa, eles devem ter-te baleado na cabeça
Porque à queima-roupa, pum pum, querida estás morta.

15.7.03

Greetings!

Década de 70, a minha favorita! Não apenas por ter nascido nela :), mas sobretudo pelas obras primas que foram e são qualquer um dos 4 albuns lançados então. Embora este "Independence Day" só tenha sido lançado no "The River", em 1980, já estava escrita há um par de anos, pelo menos. O pai de Springsteen foi uma das suas grandes inspirações, sobretudo por representar tudo aquilo que ele receava poder vir a ser, tudo aquilo de que ele queria fugir. As relações com o pai nunca foram fáceis, talvez porque, como ele diz, eram demasiado parecidos. E se calhar eram! Porventura, se o Bruce não tivesse pegado naquela guitarra e saído "dali para ganhar", teria sido tal como o seu pai. Mas ele conseguiu, e assim disse tudo aquilo que pai quis dizer mas nunca o pôde fazer. E o dia em que o fez, foi o "Dia da Independência".


"Independence Day" (1978)

Dia da Independência

Pai, vai para a cama agora, está a ficar tarde
Nada que possamos dizer vai alterar o que quer que seja agora
Partirei de manhã da estação de Sta. Maria
Não mudaríamos estas coisas mesmo que o pudéssemos fazer de alguma forma

Porque a escuridão desta casa apanhou o melhor de nós
Há uma escuridão nesta cidade que também nos apanhou
Mas agora não me podem tocar e tu agora não me podes tocar
Não me vão fazer aquilo que vi fazerem-te a ti

Por isso diz adeus, é o dia da Independência
É o dia da Independência até ao fim
Apenas diz adeus, é o dia da Independência
Desta vez é o dia da Independência

Eu não sei o que foi que sempre houve connosco
Escolhíamos as palavras e sim, desenhávamos as linhas
Não havia maneira desta casa nos conter aos dois
Se calhar nós éramos demasiado parecidos

Bem, diz adeus, é o dia da Independência
É o dia da Independência, todos os rapazes têm de fugir
Por isso diz adeus, é o dia da Independência
Todos os homens tomam o seu caminho no dia da Independência

Os quartos estão todos vazios na pensão do Frankie
E a auto-estrada, ela está deserta até Breaker's Point
Há muita gente a deixar a cidade agora, deixam os seus amigos, os seus lares
À noite percorrem essa escura e poeirenta auto-estrada completamente sozinhos

Bem, pai, vai para a cama agora, está a ficar tarde
Nada que possamos dizer pode alterar o que quer que seja agora
Porque há pessoas diferentes a vir para cá agora
E elas vêem as coisas de maneiras diferentes
E em breve tudo aquilo que conhecemos será simplesmente varrido

Por isso diz adeus, é o dia da Independência
Pai, agora sei as coisas que querias e que não podias dizer
Mas não digas apenas adeus, é o dia da Independência
Eu juro que nunca quis tirar-te essas coisas

13.7.03

Greetings!

Depois de "Jungleland", canção escrita quando ele tinha 25 anos e, por isso, plena do romantismo poético com que se podem contar histórias dos gangs de ruas e dos poetas que acabam feridos, avanço no tempo até 1992, para uma das fases menos interessantes para nós, os fãs. Apesar de tudo, "Lucky Town" (mais) e "Human Touch" (não tanto), tinham algumas grandes canções e algumas delas nunca foram devidamente reconhecidas. "Book of dreams" é, na minha opinião, uma delas. A diferença na escrita é notória e os seus 43 anos notam-se em cada palavra. Vou tentar fazer a tradução de letras de alturas diferentes da sua carreira, para realçar os contrastes e evitar a monotonia de temas.
Este "Livro dos sonhos" é poesia em forma de prosa. Em Inglês ou Português, é lindíssima a letra...

"Book Of Dreams" (1992)

Livro dos sonhos

Estou no quintal a ouvir a festa lá dentro
Hoje à noite estou a beber no perdão que esta vida nos dá
As cicatrizes que carregamos ficam, mas a dor desaparece, assim parece
Ó, não ficas tu, querida, no meu livro dos sonhos?

Observo-te através da janela com as tuas amigas lá da terra
Tu estás a mostrar o teu vestido, há sorrisos e um brinde
Do teu papá para a noiva mais bonita que ele alguma vez viu
Ó, não ficas tu, querida, no meu livro dos sonhos?

Na escuridão os meus dedos escorregam por entre a tua pele
Sinto a tua doce resposta
O quarto vai desaparecendo e de repente eu estou bem lá em cima
Apenas a abraçar-te para mim, enquanto através da janela o jorra a luz da lua
Ó, não ficas tu, querida, no meu livro dos sonhos?

Agora o ritual começa
Perto da grinalda de casamento encontramo-nos como estranhos
A pista de dança está viva com beleza, mistério e perigo
Dançamos lá fora perto da antiga luz das estrelas para as árvores que vão escurecendo
Ó, não ficas tu, querida, no meu livro dos sonhos?

11.7.03

Greetings!

Bem-vindos ao Channel 57, o meu blog para dissertar sobre as palavras de Bruce Springsteen.
Como músico, é conhecido por todos. Aqui, vou tentar dá-lo a conhecer como o poeta urbano e exímio contador de histórias que poucos conhecem. Mais do que a sua música, foram as suas palavras, suportadas numa coerência notável, que o tornam na minha referência pessoal.
Vou pondo por aqui as traduções para Portugues das letras de algumas das suas canções. Tentarei ser o mais fiel possível ao original, mantendo nomes de personagens e lugares, mas adaptando certas palavras e expressões para que traduzam o sentido correcto e não literal.

Começo com uma das minhas canções favoritas de sempre: Jungleland.

"Jungleland" (1974)

Os guardas tiveram uma recepção em Harlem, ontem ao fim da noite
E o Magic Rat conduziu a sua máquina cheia de estilo para lá da fronteira do estado de Jersey
Rapariga descalça sentada no capot de um Dodge, a beber cerveja morna na suave chuva de Verão
O Rat dirige-se à cidade, veste as calças
Juntos dão uma punhalada no romance e desaparecem em Flamingo Lane
O Maximum Lawman percorre Flamingo, perseguindo o Rat e a rapariga descalça
E os miúdos aqui parecem-se com sombras, sempre calados, de mãos dadas
Das igrejas às prisões, hoje à noite tudo é silêncio no mundo
Enquanto tomamos o nosso lugar em Jungleland

O gangue da meia-noite está reunido, e escolheu um encontro para a noite
Eles vão encontrar-se debaixo daquele cartaz gigante da Exxon, que traz a luz a esta cidade justa
Olha, há uma ópera lá no Turnpike
Há um ballet a ser travado lá no beco
Até que os polícias locais, Capotas de Cereja, acabam com esta santa noite
As ruas estão vivas enquanto dívidas secretas são pagas
Contactos estabelecidos, eles desaparecem sem serem vistos
Miúdos tratam guitarras tal como lâminas, atropelando-se para a máquina de discos
Os famintos e os perseguidos explodem em bandas de rock'n'roll
Que se encontram uns contra os outros nas ruas em Jungleland

No parque de estacionamento, os visionários vestem-se com o último grito da moda
Dentro do beco, raparigas dançam ao som dos discos que o DJ toca
Amantes de corações solitários lutam nas esquinas sombrias
Desesperados enquanto a noite avança, apenas um olhar e um suspiro, e eles desaparecem

Debaixo da cidade, dois corações batem
Motores da alma correm através da noite tão terna
Num quarto trancado, em suspiros de suave recusa e depois a rendição
Nos túneis da parte alta da cidade
O próprio sonho do Rat atira-o ao chão enquanto tiros ecoam pelos corredores na noite
Ninguém vê quando a ambulância se afasta
Ou enquanto a rapariga desliga a luz do quarto
Lá fora a rua está em fogo numa verdadeira valsa da morte
Entre o que é carne e o que é fantasia
E os poetas aqui não escrevem absolutamente nada
Eles apenas se afastam e deixam tudo acontecer
E na rapidez da noite, eles tentam alcançar o seu momento
E tentam tomar uma posição honesta
Mas eles acabam feridos, nem sequer mortos
Esta noite em Jungleland